No Calendário marca inverno, mas em MS, ele nem é tão rigoroso assim. A temperatura nesta época do ano pode estar abaixo dos 38º a que estão acostumados os sul-matogrossenses, mas no Rio da Prata, faça calor ou frio, a água está sempre nos 24º. Por um mergulho, até vale a pena bater um pouquinho o queixo na hora de sair da água.
As caminhadas pelas trilhas são organizadas em grupos de oito pessoas que saem da sede a cada trinta minutos. Uma regra desnecessária? Não. Quanto menor o grupo, menos barulho e mais chances de encontrar animais ao longo dos 50 minutos de caminhada e tudo acompanhado por guias que conhecem cada pedacinho do lugar. Ande em silêncio e você, certamente, vai encontrar alguma das 32 espécies que vivem na mata ciliar do Rio da Prata, alimentadas pela natureza generosa e pelo cerrado.
Parte dos 2,2 km de trilha beira o rio e entre uma arvóre e outra basta olhar para o lado direito e você terá visões espetaculares das águas cristalinas. Plantas que, provavelmente, você nunca viu e explicações sobre a flora e a fauna tornam o passeio mais rico do que qualquer aula de biologia e ecologia. É justamente o conhecimento dos guias e do Eduardo, proprietário da fazenda, que garante a preservação das matas ciliares. E mata ciliar preservada significa rio de água transparente. É este caminho cheio de paradas para fotografias que leva a nascente Olho d’água. O bom é que você já chega lá pronto para o mergulho, o grande espetáculo do passeio.
A esta altura você já se acostumou ao colete ou à roupa neoprene, especial para mergulhar. Mas, chegando à nascente antes do mergulho, reserve uns minutos para, simplesmente, observar o passeio dos peixes na água cristalina e você os vê como quem vê peixe num aquário, com uma nitidez de impressionar mergulhadores mais experientes.
Mergulho na nascente Olho d’água é de superfície. Também não precisa mais do que isto para observar em detalhes o que você já viu da beira do rio. Alguns cuidados para aproveitar melhor a experiência e preservar a água transparente são fundamentais: não pegue nenhum objeto ou vegetação dentro do rio e não pise na vegetação nem nos lugares onde o fundo é escuro. Perigo à vista? Não, é só uma questão de preservação. E quando precisar pisar, escolha uma pedra ou um toco de árvore, isto porque o movimento dos pés na areia levanta sujeiras e acaba com a transparência da água. Apenas ocupe-se de brincar com os dourados, pacus, piraputangas e outras espécies mais, que ficarão passeando em volta do seu corpo.
Na volta à sede da fazenda, é hora de experimentar a deliciosa comida típica de Mato Grosso do Sul. Dependendo do horário em que você chegar ao Recanto Ecológico, a refeição é servida antes do passeio. Comer antes ou depois não faz diferença, mas aproveite uma dica: enquanto espera o almoço ser servido, relaxe numa rede de couro, e simplesmente sinta a brisa e o cheirinho que vem da cozinha. Conhecer o Rio da Prata é comprovar que algumas coisas só a natureza pode proporcionar.